quarta-feira, 28 de setembro de 2011

ESTUDO BÍBLICO 01

ESTUDO BÍBLICO SOBRE A DOUTRINA DA JUSTIFICAÇÃO. RM 3:23-28; 8:33.
1. INTRODUÇÃO: As escrituras dão grande ênfase à doutrina da justificação, entretanto no decorrer da história ela tem sido abandonada e às vezes até pervertida. Segundo Thiessen: “A glória da Reforma protestante é ter restaurado esta doutrina ao lugar que tinha direito.” Portanto uma visão correta da justificação é absolutamente crucial para a fé cristã como um todo.
Mesmo atualmente uma verdadeira visão sobre a justificação é a linha divisória entre o evangelho bíblico da salvação somente pela fé e todos os falsos evangelhos baseados nas boas obras. Para melhor compreendermos essa doutrina vamos inicialmente definir o termo justificação.
2. DEFINIÇÃO TEOLÓGICA:
Thiessen – “O Ato de Deus pelo qual ele declara justo aquele que crer em Cristo.”
F.W. Farr – “A justificação é a inversão da atitude de Deus para com o pecador, por causa da nova relação do pecador para com Cristo. Deus condenou, agora ele absolve.”
A.B. Langston – “A justificação é um ato de Deus, em que Ele declara o pecador regenerado; não somente livre da condenação, mas também restaurado à graça divina.”
Waine Grudem – “Justificação é um ato instantâneo e legal da parte de Deus pelo qual ele (1) considera nossos pecados perdoados e a justiça de Cristo como pertencente a nós e (2) declara-nos justos à vista dele.”
         Concluímos então que justificação é uma declaração legal de Deus a nosso respeito, diferente da regeneração onde o homem recebe uma vida nova por estar em cristo, uma nova natureza que é andar em Espírito. (Gl 5:16) Na justificação Deus age como um juiz dando o veredicto de que o homem está absolvido. Trata de uma declaração que Deus faz em nosso favor. Não é algo operado no homem, mas declarado a respeito do homem.
3. A NECESIDADE DA JUSTIFICAÇÃO: Antes de crer em Jesus, o pecador é filho do erro, da ira e está condenado. (Rm 3:23) “Porque todos pecaram e destituídos estão da Glória de Deus”. (Rm 11:32) “Porque Deus encerrou a todos debaixo da desobediência...”
         Havia uma necessidade de sermos justificados, o pecado herdado por adão nos condenava diante de Deus. (Rm 5:12) “Portanto, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens por isso que todos pecaram.”
         Concluímos então que havia uma necessidade de justificação, já que aos olhos de Deus o ser humano estava condenado. A questão não era somente sermos salvos e perdoados. A necessidade era satisfazer a justiça de Deus que exigia condenação aos culpados, essa verdade criou a necessidade da justificação. E Deus resolveu a problema nos justificando. (Rm 8:33) “Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica.”
4. QUANDO ACONTECE A JUSTIFICAÇÃO? Em que momento do processo de salvação nos somos justificados? Paulo considera o processo pelo qual Deus aplica a salvação em Romanos 8:30,31. “Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou a estes também chamou; e aos que chamou a estes também justificou; e aos que justificou a estes também glorificou.”
1º) Predestinou – Aquele que Deus pela sua presciência, conheceu que aceitariam a revelação da graça.
2º) Chamou – É o chamado eficaz do evangelho, que inclui a regeneração e produz a resposta de arrependimento e fé (ou conversão) de nossa parte.
3º) Justificou – todos os chamados foram justificados. Deus declarou justo.
4º) Glorificou – todos os justificados são agora (logicamente falando), e serão (cronologicamente falando) glorificados. ISTO É GRAÇA!!!
         Além de mostrar o processo pelo qual Deus aplica a salvação, Paulo mostra que a justificação vem depois da nossa fé e como resposta de Deus à nossa fé. (Rm 3:26) “...Justificador daquele que tem fé em Jesus.”
         Paulo garante que é algo que o próprio Deus faz; “aos que chamou, a estes também justificou”. Portanto a justificação acontece quando o homem se entrega pela fé a Cristo, respondendo ao chamado do evangelho.
5. O QUE É O ATO DA JUSTIFICAÇÃO? Deus emite uma declaração sobre nós, no ato da justificação. O conteúdo dessa declaração é que não devemos mais nada, estamos justificados da nossa culpa, assim sendo na eternidade ficamos justificados diante de Deus, pois o veredicto é de inocente.
         Essa declaração legal, que consta que estamos justificados, termo esse forense contrasta com a condenação. Condenar alguém, é declarar a pessoas culpada, assim encontra o homem sem Deus. O oposto de condenação é justificação, que nesse contexto soteriológico, tem de significar declarar alguém inocente.
         Assim sendo no ato da justificação a declaração de culpa (condenação) é substituída pela declaração de inocência, justificação.
5. O QUE ESTÁ ENVOLVIDO NA JUSTIFICAÇÃO? Veremos a partir de agora o que está envolvido na justificação.
5.1. NA JUSTIFICAÇÃO ESTÁ ENVOLVIDO A REMOÇÃO DA PENA: O salário do pecado é a morte espiritual, física e eterna. (Gn 2:16,17) “E ordenou o SENHOR Deus ao homem, dizendo: De toda a árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás. (Rm 6:23) “Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus, nosso Senhor.”
         Se o homem for ser salvo essa pena tem que ser removida, a justificação garante a remoção da pena. Foi removida na morte de Cristo, que sofreu o castigo pelos nossos pecados em seu próprio corpo. (Rm 8:1) “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito.” A verdade que Paulo aqui aborda é que se fomos justificados não existe mais pena.
Um sentimento profundo de gratidão deve permear cada cristão, evidenciado em uma adoração sincera, pois a justificação envolve a remoção da pena. (Cl 2:14) “Havendo riscado a cédula que era contra nós nas suas ordenanças, a qual de alguma maneira nos era contrária, e a tirou do meio de nós, cravando-a na cruz.”
Ø  Riscado do Gr. exaleifhein – significa: apagar, remover esfregando, e assim, obliterar da vista, assim como a escrita é apagada da louça.
Ø  Cédula ou escrita – é como o titulus, ou sentença de condenação que era afixada sobre a cabeça do criminoso enquanto morria enforcado ou crucificado. (Jo 19:20,21) “E Pilatos escreveu também um título, e pô-lo em cima da cruz; e nele estava escrito: JESUS NAZARENO, O REI DOS JUDEUS. E muitos dos judeus leram este título; porque o lugar onde Jesus estava crucificado era próximo da cidade; e estava escrito em hebraico, grego e latim.”  
Ø  Assim, Cristo crucificado tomou sobre Si a nossa conta de culpa e fez dela Sua própria responsabilidade na morte.
5.2. NA JUSTIFICAÇÃO ESTÁ ENVOLVIDO A RESTAURAÇÃO AO FAVOR:
O pecador não somente incorreu no pecado mas como também caiu do favor de Deus. O evangelho de João mostra que quem não está em Cristo, permanece debaixo da ira de Deus. (Jo 3:36) “Aquele que crê no Filho tem a vida eterna; mas aquele que não crê no Filho não verá a vida, mas a ira de Deus sobre ele permanece.”
         A humanidade se encontra debaixo da ira de Deus, e Paulo em Romanos 1:18, garante que do céus manifesta a ira de Deus sobre toda impiedade e justiça dos homens. Porém na justificação o favor é restaurado, e isso é diferente da remoção da pena.
         Hodge explica que um criminoso que foi perdoado pode ser restaurado aos seus direitos civis, se o castigo revogado envolver a pena deles, mas não está reconciliado à sociedade. Não está restaurado ao favor. A justificação, no entanto, assegura a restauração ao favor e a comunhão de Deus.
         Somos desafiados a viver essa restauração do favor, podemos entrar no santuário que o céus não vão olhar para nós com a imagem manchada. (Hb 10:19,20) “Tendo, pois, irmãos, ousadia para entrar no santuário, pelo sangue de Jesus, Pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou, pelo véu, isto é, pela sua carne.”
         Na ótica divina a justificação nos restaurou, não existe eis-bandido, homossexual, viciado, etc. (Jo 1;12) “Somos filhos de Deus. Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que crêem no seu nome.”
5.3. NA JUSTIFICAÇÃO ESTÁ ENVOLVIDO A IMPUTAÇÃO DA JUSTIÇA: Podemos encontrar essa idéia de imputação pelo menos três vezes quando estudamos a doutrina da salvação.
Primeiro –  Quando adão pecou sua culpa foi imputada a nós. Deus o soberano viu o pecado de Adão como imputado a nós e portanto assim se deu.
Segundo – Quando Cristo sofreu e morreu pelos nossos pecados, nosso pecado foi imputado a Cristo; Deus o considerou como pertencente a ele, que então pagou a pena do pecado.
Terceiro – Na doutrina da justificação a justiça de Cristo é imputada a nós, e portanto Deus a considera pertencente a nós.
         Por isso Paulo argumentou que Deus fez com que Cristo tornasse justiça. (ICo1:30) “Mas vós sois dele, em Jesus Cristo, o qual para nós foi feito por Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção.”
         O pecador não pode simplesmente receber perdão dos pecados passados, ele precisa receber uma justiça positiva antes de ter comunhão com Deus. Esta necessidade é satisfeita na imputação da justiça de Cristo ao crente. Imputar é debitar a alguém. (Fm 18) Explica com muita propriedade, pois Paulo imputou justiça a Onésimo quando pediu a Filemon que debitasse em sua conta a dívida do escravo Onésimo.
         Não se trata da nossa própria justiça, mas da justiça de Cristo generosamente concedida a nós.
6. O MÉTODO DA JUSTIFICAÇÃO:
6.1. NÃO É PELAS OBRAS: O próprio Davi pede para Deus não entrar em juízo com ele, porque ninguém justo aos olhos de Deus. (Sl 143:2) “E não entres em juízo com o teu servo, porque à tua vista não se achará justo nenhum vivente.”
         As religiões que ligam salvação pelas obras, não conseguem ter convicção de salvação, esse era o caso de Martinho Lutero. Porém Paulo explica que pelas obras ninguém é salvo. (Rm 3:20) “Por isso nenhuma carne será justificada diante dele pelas obras da lei, porque pela lei vem o conhecimento do pecado.”
·         Mas como fica Tiago, já que defende justificação pelas obras? (Tg 2:24) “Vedes então que o homem é justificado pelas obras, e não somente pela fé.”
·         Tiago está mostrando que a fé, não é mera concordância intelectual, mas é algo que evidencia na vida prática.
6.2. É PELA GRAÇA: Dois textos confirma que a justificação é pela Graça.(Rm 3:24) “Sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus.” (Tt 3:7) “Para que, sendo justificados pela sua graça, sejamos feitos herdeiros segundo a esperança da vida eterna.”
·         A justificação origina-se no coração de Deus, é graça de Deus. Ele em sua bondade decidiu nos oferecer justiça.
·         Deus não tinha nenhuma obrigação de fazer isso. Em sua graça Ele não considerou nossa culpa, e em sua misericórdia não considerou nossa miséria.
6.3. É PELO SANGUE DE CRISTO: Já vimos que é pela graça, porém Rm 5:9, Paulo afirma que é também pelo sangue de Cristo. Vejamos: “Logo muito mais agora, tendo sido justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira.”
·         Segundo Hebreus 9:22, sem derramamento de sangue não há remissão dos pecados. Entendemos então que o sangue de Cristo é a base da nossa justificação.
·         Nossos pecados não foram só desculpados na justificação, foram punidos em Cristo, e isso custou o derramamento do seu próprio sangue.
6.4. É PELA FÉ: Várias passagens confirmam que a justificação é pela fé. (Rm 3:26) “o justificador daquele que tem fé em Jesus”. (Rm 3:28) “Concluímos pois, que o homem é justificado pela fé, sem obras da lei.” (Rm 5:1) “Sendo pois justificado pela fé...”
·         A fé é a condição para a nossa justificação, e não a base meritória.
·         A fé não é o preço da justificação, mas o meio pelo qual nos apropriamos dela.
7. RESULTADOS DA JUSTIFICAÇÃO:
1º) Não existe mais condenação. (Rm 8:33) “Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica.”
2º) Paz com Deus. (Rm 5.1) “Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo.”
3º) Resultado direto na vida prática. (Fl 1:11) “Cheios dos frutos de justiça, que são por Jesus Cristo, para glória e louvor de Deus.”
·         Tiago enfatiza que os justificados mostram essa verdade em suas obras.         (Tg 2:14) “Meus irmãos, que aproveita se alguém disser que tem fé, e não tiver as obras? Porventura a fé pode salvá-lo?”
4º) Convicção de vida eterna. O crente justificado tem convicção que será poupado da ira vindoura. (Rm 5:9) “Logo muito mais agora, tendo sido justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira.”
5º) Convicção de glorificação. (Rm 8:30) “E aos que predestinou a estes também chamou; e aos que chamou a estes também justificou; e aos que justificou a estes também glorificou.
CONCLUSÃO:
·         Onde não há doutrina da justificação, não há também certeza de salvação, ou de aceitação diante de Deus.
·         Não há nenhuma outra doutrina que faça no homem o que faz a da justificação, livrando-o da condenação e restaurando-o à graça divina.
·         O perdão se repete, a justificação é eterna.
·         Não devemos colocar em dúvida nossa salvação quando olhamos para nós mesmos e acharmo falha em nós devemos diligentemente chegar aos pés da cruz, que a obra da regeneração é um processo, porém a justificação é um ato.
·         O dilema interno de Paulo foi resolvido quando ele entendeu que não havia mais condenação para os que estão em Cristo Jesus. (Rm 8.1)
·         A apropriação do apóstolo Paulo pela fé à justificação é tão plena que ela pergunta em RM 8:33. “Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica.”















        



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